terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sonhos na Psicanálise


“Os sonhos são verdadeiramente uma estrada real que leva aos recessos inconscientes da mente.” – Freud.

O sonho é um fenômeno da fisiologia humana que sempre despertou muita curiosidade. Para um psicanalista, o sonho representa uma manifestação psíquica ligada à saúde do psiquismo, assim como para um neurologista, o sonho tem a ver com a saúde do processo do sono. Em nenhum outro fenômeno da vida psíquica os processos inconscientes da mente são revelados de forma tão clara e acessível ao estudo.

Segundo a psicanálise, o sonho surge como um recurso do psiquismo para lidar com conteúdos reprimidos e complexos da vida afetiva, assim como para lidar com conflitos difíceis de solucionar na vida de vigília.

O sonho compõe-se de uma elaboração primária no momento em que a pessoa está sonhando e de uma elaboração secundária no momento em que o indivíduo pode recordar-se do sonho e relatá-lo a outra pessoa, quando já está sujeito a algumas distorções da memória e do próprio relato da pessoa. Segundo Freud, os elementos utilizados no sonho são representações fragmentadas da memória, no qual ocorre uma condensação de conteúdos vividos e percebidos durante o dia com os conteúdos mais antigos e reprimidos arquivados numa memória conhecida como inconsciente. O sonho se forma a partir de redes complexas de representações simbólicas que vão expressar-se no enredo do sonho ou manifestar-se de forma incompreensível em sequências de imagens visuais e lingüísticas enquanto se dorme. Sua interpretação pode ser feita no todo ou em partes e requer uma escuta diferenciada e uma análise detalhada.

Para um psicanalista que está familiarizado com os conflitos de seu paciente, os sonhos deste tornam-se um dos instrumentos valiosos no processo terapêutico e no aprofundamento do conhecimento dos mecanismos psíquicos inconscientes que podem estar interferindo no funcionamento psíquico normal.

O conteúdo onírico é de suma importância para a compreensão do inconsciente de quem o produz. Por isso a Psicanálise vê com tanta atenção este produto da mente, que é o sonho. Gastão Pereira da Silva define o sonho de uma forma que bem demonstra sua relevância.

“Uma função psíquica encarregada de compensar, de suavizar, de substituir, mesmo, uma realidade que nos é hostil, por outra, totalmente diferente, onde um novo mundo se descortina diante da alma e onde todas as nossas ações parecem absurdas, justamente porque as mais censuráveis, na sociedade em que vivemos, gozam, enquanto dormimos, de uma espécie de liberdade condicional, quando se expandem nos sonhos.’

As descobertas de Freud, de que os sonhos têm um conteúdo psicológico fundamental revolucionaram o estudo da mente. Antes os sonhos eram tidos como meros efeitos de um trabalho desconexo, provocados por estímulos fisiológicos. Os conhecimentos desenvolvidos por Freud trouxeram os sonhos para o campo da Psicologia e demonstraram que estes são tão somente a realização de desejos, disfarçados ou não, satisfeitos em pleno campo psíquico.

Podemos sintetizar a teoria psicanalítica dos sonhos da seguinte maneira: a experiência subjetiva que aparece na consciência durante o sono e que, após o despertar, chamamos de sonho é, apenas, o resultado final de uma atividade mental inconsciente durante este processo fisiológico que, por sua natureza ou intensidade, ameaça interferir com o próprio sono. Chama-se sonho manifesto a experiência consciente, durante o sono, que a pessoa pode ou não recordar depois de despertar. Seus vários elementos são designados como conteúdo manifesto do sonho. Os pensamentos e desejos inconscientes que ameaçam acordar a pessoa são denominados conteúdo latente do sonho. As operações mentais inconscientes por meio das quais o conteúdo latente do sonho se transforma em sonho manifesto, chamamos de elaboração do sonho.


Por: Isabela Mioto.

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